O maior molusco do oceano: a disputa entre a lula gigante e a lula colossal

Duas espécies de lulas impressionam pelo porte colossal e protagonizam a disputa pelo título de maior do planeta: a lula gigante (Architeuthis dux) e a lula colossal (Mesonychoteuthis hamiltoni). Essas criaturas misteriosas, que vivem nas profundezas dos oceanos, são alvo de fascínio e estudos científicos há séculos.
Dimensões surpreendentes
A lula gigante é encontrada em todos os oceanos e pode atingir entre 12 e 14 metros de comprimento, considerando da ponta do corpo até o fim dos tentáculos. O peso estimado é de cerca de 270 quilos, segundo especialistas em cefalópodes. Embora existam relatos não comprovados de exemplares com até 20 metros, não há registros oficiais que confirmem esse tamanho extraordinário.
Olhos gigantescos: adaptação às profundezas
Tanto a lula gigante quanto a colossal detêm os maiores olhos já registrados entre os animais atuais e, possivelmente, de toda a história do reino animal. Esses olhos medem cerca de 27 centímetros de diâmetro, comparáveis ao tamanho de uma bola de futebol. No caso da lula colossal, os olhos ainda contam com fotóforos — órgãos que emitem luz, funcionando como verdadeiros faróis para auxiliar a visão nas águas escuras das grandes profundezas. Já a lula gigante não possui esse recurso luminoso.
A poderosa mandíbula da lula colossal
Outro destaque da lula colossal é seu bico, considerado o maior entre as lulas e composto por uma substância semelhante à das unhas humanas. Esse bico permite que o animal corte suas presas em pedaços antes de ingeri-las. Além disso, a lula possui uma rádula — uma estrutura semelhante a uma língua coberta de dentes microscópicos — que fragmenta ainda mais o alimento, facilitando a digestão.
Hábitos alimentares e predadores
Essas lulas gigantescas se alimentam principalmente de peixes e de outras lulas. Uma vez adultas, elas possuem poucos predadores naturais, sendo o cachalote o principal inimigo. Estimativas sugerem que a lula colossal pode representar até 77% da dieta de alguns cachalotes.
Mistérios do fundo do mar
Por viverem em regiões extremamente profundas e remotas, essas lulas raramente são vistas por humanos. Os antigos já relatavam histórias sobre esses animais: Aristóteles e Plínio, o Velho, descreveram lulas gigantes muito antes de qualquer registro fotográfico. Somente em 1874 foi tirada a primeira foto de um exemplar, graças ao reverendo Moses Harvey, que registrou uma lula gigante capturada acidentalmente por um pescador.
Descobertas científicas recentes
Grande parte do conhecimento atual sobre essas lulas vem de restos encontrados boiando, encalhados em praias ou no estômago de cachalotes. Fotografar ou filmar uma lula gigante em seu habitat natural foi um desafio superado apenas em 2004, quando se obteve a primeira imagem de uma adulta viva no oceano. O primeiro vídeo só veio em 2012. Quanto à lula colossal, um exemplar intacto só foi encontrado pela primeira vez em 2003.
Oceano ainda guarda segredos
Apesar dos avanços científicos e tecnológicos, as lulas gigante e colossal permanecem como símbolos dos mistérios que o oceano esconde. Cada nova descoberta sobre esses animais revela mais sobre a incrível diversidade da vida nas profundezas e sobre as adaptações surpreendentes de seres que continuam a desafiar a curiosidade humana.