Uber: Entre desafios locais com passageiros e um futuro financeiro promissor

O Uber (NYSE: UBER) consolidou-se como um nome familiar, criando efetivamente a indústria de transporte por aplicativo e tornando-se sinônimo da categoria. No entanto, apesar de sua posição dominante e sucesso financeiro global, a empresa enfrenta desafios operacionais diários, como os relatados recentemente no Brasil.

A polêmica dos quatro passageiros em São Paulo

Usuários no estado de São Paulo, principalmente na capital, têm encontrado dificuldades ao tentar solicitar uma corrida para grupos de quatro pessoas. Segundo relatos, motoristas do aplicativo estariam se recusando a transportar mais de três passageiros.

Em muitos casos, os motoristas cancelam a viagem ao chegar ao local ou sugerem que o grupo se divida e chame um segundo carro. Alguns desses profissionais alegaram que a própria Uber havia orientado a não levar quatro passageiros simultaneamente.

O que diz a empresa sobre o limite?

A confusão parece originar-se de políticas temporárias. A Uber esclareceu que, de fato, aconselhou seus motoristas a transportar menos passageiros, mas essa foi uma medida adotada apenas durante o período crítico da pandemia de Covid-19.

Atualmente, a regra oficial da plataforma é clara: se o veículo tem cinco lugares (incluindo o motorista), ele pode, sim, transportar até quatro passageiros. Isso significa que um grupo de quatro pessoas pode viajar junto, sendo permitido, inclusive, o uso do banco da frente por um dos passageiros, conforme especificado nas diretrizes do aplicativo.

Como evitar o problema

Para evitar transtornos no momento do embarque, a Uber sugere que haja comunicação prévia. Após o motorista aceitar a corrida, os usuários podem enviar uma mensagem via chat para confirmar o número de pessoas e combinar as preferências.

A empresa também garante o direito de cancelamento tanto para o motorista quanto para o passageiro em situações de desconforto, desde que a situação seja reportada ao suporte. Caso o motorista não se sinta confortável em levar o grupo, os usuários podem cancelar e procurar outro profissional ou, em último caso, dividir o grupo.

O panorama financeiro global

Enquanto lida com essas questões operacionais locais, o Uber demonstra um desempenho financeiro robusto em escala global. Considerada uma das grandes histórias de sucesso da era da internet, a empresa viu suas ações dispararem 174% nos últimos cinco anos (dados de 17 de outubro), embora atualmente passem por uma leve correção, caindo 8% desde seu pico recente.

Crescimento sólido e o “efeito de rede”

A companhia continua a apresentar um crescimento forte, mesmo em um cenário de incerteza econômica geral. Durante o segundo trimestre, o valor bruto das reservas (GBV) aumentou 17% em relação ao ano anterior, o que impulsionou a receita em 18%. Até 30 de junho, a plataforma registrava 180 milhões de usuários ativos mensais, evidenciando sua enorme escala.

A principal vantagem competitiva do Uber reside no seu “efeito de rede”: em qualquer cidade, a presença de mais motoristas beneficia os passageiros (reduzindo o tempo de espera e mantendo os preços sob controle) e, vice-versa, mais passageiros maximizam o potencial de ganho dos motoristas. Especialistas consideram difícil que o modelo de negócios da empresa seja superado no curto prazo.

O que esperar nos próximos 5 anos

Olhando para o futuro, analistas acreditam que a trajetória de crescimento da empresa deve continuar. O Uber está se posicionando estrategicamente para um cenário de maior adoção de veículos autônomos. A expectativa é que, até o final da década (2030), o negócio seja significativamente maior, com mais usuários, maior receita e GBV, impulsionado pela combinação de ganhos de eficiência e expansão de sua avaliação no mercado.